Na Gestão de Ativos ou mesmo em qualquer área de gestão, ter boa informação é fundamental para apoio à decisão. Não são os indicadores que estabelecem, pelo menos inicialmente, as políticas e práticas de manutenção preventiva, corretiva, preditiva, prescritiva, etc mas são eles que confirmam ou não a assertividade das iniciativas em uso. Indicadores servem como alarmes e chancela, dependendo do que se mede.

No Brasil, os números mais recentes das pesquisas mostram que 37% das empresas fazem uso dos três principais indicadores da gestão de equipamentos: Tempo entre Falhas, Tempo para Recuperação e Tempo para Reparo.

Tempo é dinheiro. No mais básico do básico gerenciamento de ativos, no que se refere a desempenho de equipamentos, o que se precisa saber é quanto tempo um ativo está a disposição da Operação/Produção e quando entra em falha, quanto tempo leva para ser consertado e devolvido à área cliente/proprietária de Operação/Produção.

TTR – Time To Recovery

A falha acarreta na inoperância do item. Com a parada inesperada, se inicia o processo de recuperação do equipamento para que volte à condição adequada de uso pela Operação/Produção.

Esse processo, dure o tempo que durar, gera o TTR – Time To Recovery –. É o tempo decorrido entre o registro da falha até a hora em que o equipamento volta à condição plena de disponibilidade para uso e operação. O TTR capta o tempo que vai desde a notificação da indisponibilidade do item até a entrega ao setor de operação, passando pelo tempo necessário ao diagnóstico da falha e ainda os tempos gastos com o reparo propriamente dito e teste de aceitação.

Um só evento pouco nos pode dizer. Por isso se faz necessário ter uma série de eventos e deles se obter a média. O M que vai na frente de cada sigla indica que há uma medição de mais de um evento e que deles se pode inferir a tendência para ocorrências futuras.

Para gerar o MTTR – Tempo Médio para Recuperação –, o cálculo é simples. Somam-se os tempos dos eventos ocorridos ao longo do período base de medição e divide-se pelo número de eventos ocorridos nesse mesmo período.

TTR – Time To Repair

Opa, TTR de novo? Sim, a mesma sigla, mas com significado completamente distinto.

O TTR a que nos referimos agora nos indica o tempo necessário para consertar (reparar) um sistema e ou equipamento e restaurá-lo à funcionalidade completa. Ou seja, não inclui o tempo dedicado ao diagnóstico da problema e preparação para o conserto/reparo em si, mas inclui períodos de teste.

Para se chegar ao indicador com a média das ocorrências, o MTTR – Tempo Médio para Reparo –, o cálculo também é simples. Mede-se e somam-se os tempos dos reparos e divide-se esse tempo total de intervenções pelo número de reparos feitos no período de medição.

MTTR ou MTTR?

O uso de série de eventos nos traz mais confiabilidade para leitura de tendências e daí usamos as médias, já dissemos.

O indicador MTTR – Mean Time To Recovery – se presta a analisar quanto tempo se gasta, em média, para devolver ao usuário ou operador o equipamento que sofreu uma falha, independentemente do tipo de causa e ou ocorrência geradora do problema ou mesmo se a falha foi de natureza elétrica ou mecânica.

O MTTR serve, e muito, para dar base a um bom programa de Análise de Falhas, definições quanto a políticas de sobressalentes, serviços de terceiros, qualificação de pessoal, ferramental e instrumental a disposição.

A medida que uma falha aconteça com frequência, o tempo necessário ao diagnóstico tende a cair. A média do indicador, nesse caso, tende a cair também.  O segundo MMTR – Mean Time To Repair –, também um importante indicador, é aquele que mostra o quão eficiente é a equipe que dá conta da ação de reparo em si.

Qual é o mais importante? A resposta é ambos são. Mas sabemos que apurar o tempo total de indisponibilidade do equipamento TTR – Time to Recovery – é mais fácil do que medir o tempo exclusivo de reparação.

Assim é que em muitas empresas se confundem nos TTR. Medem o RECOVERY achando que estão apurando o REPAIR.

O fato é que esses indicadores, com sua base de dados que os alimenta, ajuda a escancarar como está no campo a realidade das condições de reação às falhas e como acontecem os reparos. São uma fantástica mão na roda para determinar o nível e os recursos disponibilizados ao pessoal, além de procedimentos bem definidos. A missão de todo dia nas Operações é evitar falhas, mas se elas ocorrem, que se reduzam os TTR, recovery e repair.

Desses apontadores se abstraem informações como a carência de ferramentas e instrumentos necessários ao diagnóstico, definições de estoque de materiais de consumo e peças de reposição, investimentos em processos backup, aplicação de técnicas de preditiva e inspeção, monitoramento contínuo, etc.

Tempo é dinheiro, repetimos. A inatividade de produção, prazos perdidos, perda de receita e assim por diante estarão na mesa de decisão junto com os números dos TTR.

MTBF – Mean Time Between Failures

O terceiro e último indicador que abordaremos neste texto é o Tempo Entre Falhas, em inglês TBF – Time Between Failures. O TBF é o tempo decorrido entre uma falha e a próxima, excluídos tempos de inatividade esperados durante situações como, por exemplo, intervenções programadas (calibração, manutenção, lubrificação), seja de equipamentos ou sistemas.

Vale ressaltar que esse indicador só se aplica a itens reparáveis. Não se usa TBF quando o item, por suas características técnicas, não é reparável, sendo somente substituível. Para os casos onde não se aplicam o TBF, internacionalmente se convencionou usar o TTF – Time to Failure –, algo como Tempo para a Falência.

O TBF é usado para rastrear a disponibilidade e a confiabilidade de um equipamento. Quanto maior o tempo que se passa entre falhas, mais confiável é o sistema. Para se chegar a média dos TBF, obtendo o MTBF, faz-se a soma de todo o tempo operacional do período e divide-se pelo número de falhas ocorridas no mesmo período.

O foco do MTBF está no apontamento de interrupções e problemas inesperados, como os que os operadores podem causar e a má manutenção também.

O MTBF hoje é largamente utilizado nas empresas e até no nível pessoal pode influir em decisões prosaicas como a compra de uma determinada marca de carro, geladeira ou computador. Uma garantia de maior prazo indica que o fabricante assegura um TBF maior a quem lhe dá a preferência.

Novos tempos da gestão de ativos

A gestão de ativos moderna exige atenção para com a busca constante da máxima disponibilidade operacional dos equipamentos, sempre obedecendo as normas de segurança e respeito ao meio ambiente, a um custo compatível com as exigências postas.

Os MTTR e o MTBF são, de longe, os indicadores mais úteis e também os mais aplicados nas empresas de um modo geral. Ao lado dos indicadores de Custos, Backlog e outros, com eles é possível saber onde estava, como está e para onde vai a Gestão de Ativos.

Para saber se a gestão existe, diz o ditado que é preciso saber se há controle. Os indicadores utilizados em cada organização, mostram com maior ou menor precisão, se existem estratégias e se elas contêm o DNA da melhoria contínua.

Veja como um software de gestão de ativos pode ajudar a sua equipe e o seu negócio não só em relação aos indicadores, mas em todas as questões que envolvem gestão de manutenção, operações, facilities e ativos.